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Página:Maria O'Neill - Horas de Folga.pdf/97

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horas de folga
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– Ora então dize-me cá: ¿Se eu, se tu, e muitos outros, não soubermos pegar em armas, quem a ha de defender do estrangeiro quando preciso fôr?

– Não digo menos disso, mas custa-me muito.

– Qual custa! tornou o velho, voltando a cabeça para que o filho lhe não visse os olhos marejados de lágrimas. Dizes isso porque ainda não pensaste bem.

– Nem quero, volveu o rapaz mal umorado.

– Não queres! tem graça! ¿Então se nós, portugueses, nos não soubermos defender, se o estrangeiro, conhecendo a nossa fraqueza, entrar por Portugal dentro, talar os nossos campos, maltratar tua mãe e tua irmã, insultar os meus cabelos brancos, demolir pedra por pedra a nossa casa… tu não queres saber?

Estêvão pusera-se de pé como sacudido por um choque eléctrico, e rubro, convulso, num tom de voz comovido, exclamou:

– Tem razão, sor pai, devo ter-lhe parecido bem ruim. Compreendo agora que o dever que vou cumprir me deve orgulhar e não entristecer, e emquanto eu viver, (e os olhos fuzilaram-lhe de raiva) nenhuma mão estranha tocará nas pedras da nossa casa.

– Bravo! meu rapaz. Eu bem dizia a tua mãe que bom sangue não mente e, ou eu me não chamava Timóteo, ou o meu filho devia compreender tudo que a palavra Pátria espalha de força no coração dum homem.

E, pondo-se de pé, proseguiu com entusiasmo e