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Página:Memórias Pósthumas de Braz Cubas.djvu/40

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MEMORIAS POSTHUMAS DE BRAZ CUBAS

— Não, senhora, replicou a Razão, estou cançada de lhe ceder sotãos, cançada e experimentada, o que você quer é passar mansamente do sotão á sala de jantar, dahi á de visitas e ao resto.

— Está bem, deixe-me ficar algum tempo mais, estou na pista de um mysterio.

— Que mysterio?

— De dous, emendou a Sandice; o da vida e o da morte; peço-lhe só uns dez minutos.

A Razão poz-se a rir.

— Has de ser sempre a mesma cousa... sempre a mesma cousa... sempre a mesma cousa...

E dizendo isto, travou-lhe dos pulsos e arrastou-a para fóra; depois entrou e fechou-se. A Sandice ainda gemeu algumas supplicas; ainda grunhiu algumas zangas; mas desenganou-se depressa, deitou a lingua de fóra, em ar de surriada, e foi andando... foi andando... Provavelmente andará até á consumação dos seculos.