Página:Memórias de José Garibaldi (1907).pdf/210

Wikisource, a biblioteca livre

de modo que entrámos em Montevideo com a alegria e esperança no coração.

O feliz resultado d’esta tentativa fez com que propozesse outra ao governo. Tratava-se de embarcar na flotilha a legião italiana, subir o rio, occultando os meus homens o melhor possivel, até Buenos-Ayres, e chegados ahi desembarcarmos de noite, dirigindo-nos á casa de Rosas e fazendo-o prisioneiro, conduzil-o a Montevideo.

Tendo bom exito esta expedição terminava a guerra de um só golpe, mas o governo recusou.

Nos intervalos de repouso concedidos ao nosso exercito, dirigia-me á pequena flotilha e não obstante o bloqueio de que eu enganava a vigilancia, tomava o largo e ia apanhar algum navio mercante, que conduzia prisioneiro até ao porto com grande raiva do almirante Brown.

Outras vezes por manobras bem combinadas, attrahindo sobre mim todas as forças do bloqueio franqueava o porto a navios mercantes que conduziam provisões á cidade sitiada.

Muitas vezes tambem embarcava-me de noite com cem dos meus legionarios os mais resolutos e tentava atacar os navios inimigos, que não podia atacar de dia por causa da grossa artilheria, mas era sempre inutilmente porque o inimigo desconfiando das minhas surprezas não ficava de noite debaixo de ancora, transportando-se para algum sitio distante d’aquelle onde eu o julgava.

Finalmente, um dia sahi com tres pequenos navios, os melhores da esquadra, e resolvi ir atacar o inimigo na bahia de Montevideo.

A esquadra de Rosas compunha-se de tres navios: O 25 de março, O general Echague, e O Maypu.

Estes tres navios tinham quarenta e quatro peças montadas.

Eu tinha unicamente oito peças de pequeno calibre, mas conhecia os meus homens, e estava convencido de que se chegassemos á abordagem o inimigo estava perdido.