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e aventuras chegámos com a esquadra ao logar chamado de Salto, porque o Uruguay fórma n’este logar uma cataracta, e acima d’esta não é navegavel senão por pequenos barcos.

O general Lavalleja que occupava o paiz abandonou-o desde a nossa chegada, forçando todos os habitantes a seguil-o.

De resto o paiz era perfeitamente apropriado á expedição, não se achando longe da fronteira.

Resolvi que ahi nos estabelecessemos.

Por consequencia a minha primeira operação foi marchar contra Lavalleja acampado sobre o Zapevi, affluente do Uruguay.

Durante a noite puz a caminho a nossa infanteria e alguns homens de cavallaria commandados por de la Cruz.

Ao raiar d’alva estavamos perto do campo que achámos defendido de um lado pelos carros, de outro pelo Uruguay, e voltado para o Zapevi.

Formei os meus homens em duas pequenas columnas e com a cavallaria ao meu lado marchei ao encontro do inimigo.

Depois de um combate de alguns minutos, estavamos senhores do campo, passando o inimigo o Zapevi na mais completa desordem.

O resultado d’esta operação foi logo o regresso ao Salto de todas as familias que violentamente haviam sido arrancadas de suas casas.

Fizemos quasi cem prisioneiros ao inimigo, tomando-lhe muitos cavallos, bois, munições, e uma peça de artilheria, a mesma que tinha attirado sobre nós no ataque de Hervidero; era de fundição italiana e tinha no bronze o nome do fundidor, Cosimo Cenni, anno de 1492.

Esta expedição fez a maior honra á legião e teve grandes consequencias. Perto de tres mil habitantes reentraram em seus lares.

Dirigidos por Anzani, os meus legionarios se occuparam logo em elevar uma bateria sobre a praça da cidade, posição que dominava os arredores.