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Todavia o mais difficil ainda não estava feito.

O inimigo estava acampado entre nós e o Salto: depois de um descanço de uma hora, que lhe fez julgar que ficariamos toda a noite onde estavamos, ordenei á minha gente de se formar em columna, e a marche-marche lançámo-n’os impetuosos sobre elles.

Os clarins inimigos soaram dando o signal de pôr a postos; mas antes que cada homem se fixasse na sella e tomasse as rédeas, nós tinhamos já passado.

Dirigimo-nos de novo para uma especie de bosque. Uma vez abrigado entre as arvores dei ordem a todos os meus de se deitarem com o ventre para terra. O inimigo dirigia-se para nós, sem nos ver, tocando á carga.

Deixei-o approximar a cincoenta passos do bosque e então sómente gritei “Fogo” dando eu o exemplo.

Vinte e cinco ou trinta homens e outros tantos cavallos cairam; o inimigo voltou á brida, e reentrou no seu acampamento. Então disse aos meus:

— Vamos, meus filhos, julgo que chegou o momento de ir beber.

E costeando sempre o nosso pequeno bosque, levando nossos feridos, tendo a distancia os nossos mais implacaveis inimigos, que não queriam abandonar-nos, ganhamos a margem do rio. Á entrada da aldeia esperava-nos uma grande emoção: Anzani estava ali chorando de alegria.

Abraçou-me primeiramente e quiz abraçar todos os outros depois de mim.

Anzani tambem tinha tido seu combate: tinha sido com alguns homens atacado pelo inimigo, que antes do combate lhe tinha intimado de se render, dizendo-lhe que eramos todos mortos ou prisioneiros.

Mas Anzani havia respondido:

— Os italianos não se rendem; descampae todos ou então esmago-vos com os meus esquadrões. Em quanto