Página:Memórias de José Garibaldi (1907).pdf/231

Wikisource, a biblioteca livre

a fazer era offerecer-lhe os meus serviços.

Disse adeus ao meu pobre Anzani, adeus tanto mais doloroso por ambos sabermos que não nos tornariamos a ver, e embarquei para Genova, aonde cheguei ao quartel general de Carlos Alberto.

O resultado da minha entrevista com elle, provou-me que me havia enganado. Separamo-nos, pois, descontentes um com o outro, e volvi a Turim onde soube da morte de Anzani.

Perdia metade do coração.

A Italia perdia um dos seus mais distinctos filhos.

Oh! Italia! Italia! mãe infortunada! que lucto para ti no dia em que este bravo entre os bravos, este leal entre os leaes cerrou os olhos para sempre á luz do teu bello sol!

A morte de um homem como Anzani, eu t’o digo, ó Italia! deve arrancar do intimo seio da nação que lhe deu o nascimento um grito de dôr, e se ella não chora, se não se lamenta como Rachel na Roma, esta nação não é digna de sympathia ou piedade, porque não tem tido sympathia ou piedade pelos seus mais generosos martyres.

Oh! martyr, cem vezes martyr foi o nosso charo Anzani, e a mais cruel tortura soffrida por este valente foi de tocar a terra natal, pobre moribundo, e não acabar como viveu combatendo por ella, por sua honra, por sua regeneração.

Oh Anzani! se um genio egual ao teu tivesse presidido aos combates da Lombardia, á batalha de Novara, ao cerco de Roma, o estrangeiro não sulcaria a terra natal, e não pisaria os ossos de nossos avoengos!

A legião italiana, viram-no, tinha feito pouco, antes da chegada de Anzani; vindo elle, sob seus auspicios, percorreu uma carreira de gloria que tornára ciosas as nações mais engrandecidas.

Entre todos os militares, os soldados, os combatentes, entre todos os homens que trazem espada ou espingarda emfim que tenho conhecido, não vi um que podesse egualar Anzani nos dons naturaes,