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dos primeiros revezes, soffridos pelo exercito piemontez.

O governo provisorio deu a Garibaldi o titulo de general, e authorisou-o para organisar batalhões de voluntarios lombardos.

Garibaldi e eu, debaixo das suas ordens, tratamos logo d’isso.

Principiamos por um batalhão de voluntarios de Vicencia, que nos chegou organisado de Pavia.

Garibaldi creava o batalhão Anzani, que bem depressa completou.

Eu tinha a meu cargo disciplinar toda essa mocidade das barricadas, que durante cinco dias, com 300 espingardas e 400 ou 500 homens, affastou de Milão Radetzki e os seus vinte mil soldados.

Porem nós luctavamos com as mesmas dificuldades, com que Garibaldi luctou em 1859.

Os corpos dos voluntarios, que representam o espirito da revolução assustam sempre os governos, uma só palavra bastará para dar idéa dos nossos.

Era Mazzini o porta-bandeira, e uma companhia denominava-se Medici.

Por esta razão, commeçaram a recusar-nos armas; e um homem d’oculos, que occupava um logar importante no ministerio, dizia em voz alta que eram armas perdidas, por que Garibaldi era um espadachim, e mais nada.

Nós diziamos, que nos forneceriamos d’armas, porém que ao menos nos dessem uniformes, responderam-nos, que não havia uniformes, mas abriram armazens onde existiam uniformes austriacos, hungaros e croatas.

Eram os proprios, para gente que pedia para morrer combatendo croatas, hungaros e austriacos, e todos os nossos soldados, mancebos pertencentes ás primeiras familias de Milão, de que algumas eram millionarias, recusaram com indignação.

Mas como era necessario tomar uma resolução, porque não podiamos combater uns de fraque outros de sobrecasaca, acceitamos os fatos dos