Página:Memórias de José Garibaldi (1907).pdf/248

Wikisource, a biblioteca livre

Quando viu fugir os austriacos disse-me que os seguisse com a minha companhia.

A deserção havia-a reduzido a cem homens, e com elles persegui mil e cem. Comtudo n’esta acção não houve grande merito, porque os austriacos tomados por um verdadeiro panico, fugiam abandonando as espingardas e patronas, não parando senão em Veneza.

Deixaram na Galinhola uns cem mortos e feridos, e oitenta prisioneiros.

Devo dizer que os austriacos tinham parado em Germiniada; voltei ahi, mas já elles tinham partido. Segui então as suas pisadas, mas apesar de correr bem, não os pude alcançar.

Durante a noite soubemos que uma força austriaca, mais consideravel que a primeira, se dirigia para nós. Garibaldi ordenou-me que ficasse na Germiniada, mandando eu logo fazer barricadas.

Tinhamos um tal habito d’estas fortificações que nos era só necessaria uma hora para pôr a ultima em estado de sustentar um circo.

A noticia era falsa.

Garibaldi enviou duas ou tres companhias em differentes direcções, e quando voltaram, mandou reunir todo o nosso exercito, dando-lhe ordem para marchar sobre Guerla, e de lá para Varese, onde foi recebido em triumpho.

Dirigiamo-nos directamente sobre Radetzki.

Em Varese occupámos Duimodi-Sopra, logar que domina Varese, e que nos assegurava a retirada.

Ahi Garibaldi mandou fusillar um espião austriaco, que devia dar esclarecimentos a tres columnas de austriacos que se dirigiam contra nós.

Uma marchava sobre Como, outra sobre Varese, e a terceira separando-se d’estas, dirigia-se sobre Luino.

Era evidente que o plano dos austriacos era de se collocarem entre Garibaldi e Luzano, cortando-lhe a retirada fosse para o Piemonte ou para a Suissa.