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do Voluntarios e Bersaglieri que não era por sympathia pela causa dos romanos, mas porque não sabia onde pedir um asylo.

Os bersaglieri tinham chegado dois dias depois do general Oudinot; era então o general quem dava as licenças de desembarque de que elle por assim dizer, não tinha feito caso.

Henrique Dandolo, descendente do doge do mesmo nome, usando como o historiador, filho do celebre vencedor de Constantinopla, do sobrenome de Henrique, veiu duas vezes a terra para pedir ao general a licença; não sómente lhe foi recusada, como teve ordem positiva de voltar para bordo.

Levou esta resposta a Manara, que tambem veiu a terra para vêr se era mais feliz do que elle.

A Manara porém foi-lhe negada, como o tinha sido a Henrique Dandolo.

— Sois lombardo? perguntou-lhe o general.

— Sem duvida, respondeu Manara.

— Pois bem, retorquiu Oudinot, se sois lombardo, por que vos intrometteis nos negocios de Roma?

— Tambem vós, que sois francez, vos intrometteis n’elles, e muito, respondeu Manara.

E virando as costas ao general, voltou para bordo.

Mas, quando se soube a bordo que o general francez se oppunha ao desembarque, a exasperação chegou ao seu auge.

Depois da partida de Genova tinham soffrido o mar com todos os seus rigores e muitas privações; bersaglieri e voluntarios queriam deitar-se ao mar e ganhar a costa a nado, arriscando-se ao que podesse acontecer.

Quando Manara viu que a sua gente estava decidida a recorrer a este extremo, voltou segunda vez a fallar com o general Oudinot, e obteve, depois de uma longa resistencia, que o seu batalhão desembarcasse em Porto de Anzio.

O general francez exigiu logo que Manara se