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XIV

ROMA

No dia 24 de abril de manhã, a vanguarda da divisão franceza chegou diante do porto de Civita-Vecchia, e um ajudante de campo do general Oudinot desembarcou para fallar na qualidade de parlamentario com o perfeito da republica romana, Manucci. Disse-lhe que o fim da intervenção franceza era garantir os interesses materiaes e moraes do povo romano; que a França queria, inimiga como era do despotismo e da anarchia, assegurar á Italia uma util liberdade; que esperava encontrar no povo romano a antiga sympathia que o tinha unido ao povo francez, mas que entretanto, como a armada corria perigo em se conservar a bordo, necessitava uma prompta licença de desembarque; se esta licença fosse negada, o general francez, com grande sentimento, vêr-se-ia obrigado a empregar a força.

Além d’isto, devia prevenir a cidade de Civita-Vecchia de que lhe lançariam o tributo de um milhão, no caso de se disparar sequer um tiro.

E, dito isto, sem esperar a resposta do governador de Roma, a quem Manucci queria contar o occorrido, o general Oudinot desarmava o batalhão Métara, occupava o forte, fechava a imprensa da cidade, collocava uma sentinella á porta, e oppunha-se ao desembarque de um corpo de quinhentos lombardos.

Estes quinhentos lombardos eram o batalhão de bersaglieri commandado por Manara, que, expulso da sua patria, e repellido pelo Piemonte, vinha pedir um tumulo a Roma.

Este batalhão compunha-se da aristocracia lombarda, e vinha juntar-se aos defensores da republica.

O mesmo Dandolo confessa no livro intitula