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de uma festa nacional; de todos os lados ouviam-se cantos e musicas. Sahindo do quartel general estes cantos e estas musicas atormentavam os corações dos soldados prisioneiros.

O capitão Faby voltando-se para um official romano, era o historiador Vecchi, perguntou-lhe:

— Esta alegria e estes cantos são para nos insultar?

— Não, lhe respondeu Vecchi, não supponhaes tal; o nosso povo é generoso e não insulta a desgraça; mas festeja o seu baptismo de sangue e de fogo. Vencemos hoje os primeiros soldados do mundo; quererieis impedil-o de applaudir a memoria dos mortos e a resurreição da nossa velha Roma?

Então o capitão Faby mostrou-se vivamente tocado por esta resposta, que era feita em excellente francez, e tão tocado que com as lagrimas nos olhos gritou:

— Pois bem, debaixo d’esse principio, viva Roma e viva a Italia!

Nenhum soldado prisioneiro foi enviado ao quartel que lhe havia sido destinado sem que recebesse viveres e que fosse provido de tudo que necessitava.

Quanto aos officiaes que tinham perdido a espada, foi-lhes no mesmo instante entregue uma outra.

No seguinte dia, 1.º de maio, ao raiar d’alva, o infatigavel Garibaldi, havendo recebido do ministro da guerra authorisação para attacar os francezes com a sua legião, quero dizer, com mil e duzentos homens, dividiu-a em duas columnas de que uma parte sahiu pela porta Cavallegieri com Masina, e a outra sob suas ordens, pela porta São-Pancracio. A pouca cavallaria que tinha foi augmentada com um esquadrão de dragões.

O fim de Garibaldi era surprehender os francezes no seu acampamento e dar-lhes batalha, ainda que as suas forças fossem seis vezes menores que as d’elles; além d’isso esperava que ao