Página:Memórias de José Garibaldi (1907).pdf/279

Wikisource, a biblioteca livre

sua frente, arrastando atraz de si trinta e seis bocas de fogo, flanqueado por uma cavallaria magnifica, orgulhosa de seus recentes triumphos na Calabria e na Sicilia, avançava para investir a cidade pela margem esquerda do Tibre. Tendo occupado militarmente Velletri, depois Albano e Frascati, protegido á direita pelos Appeninos e á esquerda pelo mar, alongava seus postos avançados a algumas leguas de nossos muros.

Vendo isto, Garibaldi, que o armisticio deixava desoccupado, buscou empregar seus ocios fazendo guerra ao rei de Napoles.

Foi-lhe concedida a permissão.

Na noite de 4 de maio, Garibaldi sahiu com a sua legião, fortalecida com dois mil e quinhentos homens.

Entre estes dois mil e quinhentos homens achavam-se o batalhão de bersaglieri de Manara, restabelecido no pleno dominio de seus direitos (que, todavia, não tinham sido alienados a respeito do rei de Napoles), os douaniers, a legião universitaria, duas companhias da guarda nacional movel e alguns outros corpos de voluntarios.

A reunião tinha sido dada para a praça do Povo. Ás seis horas Garibaldi havia chegado.

Um joven suisso, da Suissa Alemã, que escreveu uma historia do cerco de Roma, Gustavo de Hoffstetter, exprime assim o effeito que lhe produziu a vista de Garibaldi.

“No momento em que soavam seis horas, o general appareceu com seu estado-maior e foi recebido por um trovão de vivas; via-o pela vez primeira; é um homem de mediana estatura, rosto crestado pelo sol, mas com linhas de uma pureza extranha; estava sentado sobre o cavallo, tão tranquillo e firme como se ahi houvera nascido; debaixo do seu chapeu de largas abas, e copa estreita, ornada de uma pluma de avestruz, se espalha uma floresta de cabellos; uma barba ruiva lhe cobre a parte inferior do rosto; sobre sua camisa vermelha traz um puncho americano branco