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os reaes tomaram a fuga rapida e completamente deixando no campo tres canhões.

O combate durou tres horas, e foi conduzido a bom fim sem grande perda. Os inimigos oppozeram tão fraca resistencia que nos maravilharam.

Se houvessemos tido cavallaria para a lançar em perseguição dos fugidos, a sua perda teria sido consideravel.

Mas quando Garibaldi viu o inimigo retirar-se precipitadamente e os nossos perseguil-os em desordem, temeu uma emboscada, e fez tocar a retirada.

Tivemos doze mortos e vinte feridos, entre elles o bravo capitão Ferrari, que recebeu uma bayonetada no pé.

A perda dos napolitanos foi de cem homens.

O resultado material, como se vê, era pouca cousa, mas o effeito moral era grande.

Dois mil soldados de Garibaldi tinham posto em completa derrota seis mil napolitanos.

Perto de vinte e quatro pobres diabos prisioneiros, quasi todos da reserva, e por consequencia arrancados a suas familias e obrigados a combater por uma causa que não era a sua, foram trazidos á presença de Garibaldi. Trementes e de mãos juntas pediram-lhe a vida. Eram bellos homens, bem vestidos, mas detestavelmente armados de espingardas de pederneira, com sacos cheios de imagens de santos e santas, de reliquias e de remedios.

Tinham-nas ao pescoço, nas algibeiras, por toda a parte. Disseram que o rei estava em Albano com dois regimentos suissos, tres de cavallaria e quatro baterias; esperavam-se outros reforços de Napoles.

Sob as ordens do general Zuechi tinham elles sido enviados para tomar Palestrina e apoderar-se de Garibaldi, que lhes inspirava um terror que ninguem podia imaginar.