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Sustido nos postos avançados, disse o fim a que ia. Um official teve piedade de sua angustia e lhe permittiu de penetrar no campo, onde o conduziram á ambulancia. Soube que Morosini havia morrido.

Pediu que lhe entregasse o cadaver para o entregar á sua familia; mas um medico respondeu que havia duas horas que o haviam levado para um cemiterio muito affastado. Dandolo sollicitou uma ordem de exhumação.

Em quanto esperava a resposta ao seu pedido, entrou um capitão ajudante do estado-maior, que ficou muito admirado de ver no campo francez um official italiano sem salvo-conducto. Condemnou a prisão o official que o deixára passar, e mandou-o para a linha dos postos avançados sem nada querer ouvir.

Dandolo volveu a trazer a triste noticia aos seus amigos, e escreveu ao chefe do estado maior francez para pedir a permissão da exhumação.

Obteve-a na manhã de 2.

A triste ceremonia do transporte de Manara estava acabada quando Dandolo se aproximou de mim dizendo:

— Bertani, d’aqui a algumas horas o cadaver de Morosini estará na egreja dos Cem Padres, em Santa Vieto, onde poderás vêl-o.

Fui á egreja um pouco antes da noite. A casa ou antes o convento que confinava com a egreja, estava occupada pelos francezes, de sorte que a egreja estava fechada.

Pedi permissão de entrar a um capitão, que vendo a profunda tristesa espalhada em meu rosto, me perguntou affectuosamente se eu era soldado, qual a minha patria, e se havia perdido algum parente ou amigo.

Respondi-lhe que havia perdido muitos amigos, e entre outros Manara. Conhecia-o de nome, e pediu-me pormenores sobre sua morte, e tambem me deu alguns.

Um caçador de Vincennes, que estava perto d’elle