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moço; tenho feito tudo o possivel. Mas não, isto foi mal para elle.

Então elle contou que Morosini, acompanhado sómente de quatro homens tinha sido cercado; tinham-lhe intimado que se rendesse, ao que elle respondêra:

— Nunca!

E continuou a ferir com sua espada gritando aos seus:

— Em nome da Italia prohibo-vos de vos renderdes!

O velho sargento então lhe havia apontado a bayoneta ao peito para o intimidar; mas Morosini segurou-a com a mão esquerda, e descarregou um golpe sobre a cabeça do sargento.

Este entretanto prohibia aos soldados de fazerem fogo, esperando aprisionar vivo o mancebo e portanto salval-o. Mas então um soldado que se achava atraz d’elle vendo que Morosini continuava a defender-se atirou-lhe um tiro.

A bala atravessou-lhe as entranhas; era a ferida mortal. Morosini cahiu, mas sobre um joelho e a mão esquerdo. N’esta posição ainda tentou ferir seus adversarios gritando sempre a seus companheiros:

— Fazei-vos matar, mas não vos rendaes!

O sargento furioso voltou-se para o soldado dizendo:

— Desgraçado! que fizeste? Não vês que era uma creança?

Morosini morreu algumas horas depois de ter sido levado á ambulancia, e foi envolvido no lençol em que eu o achára na egreja dos Cem Padres.

Morosini tinha á cintura duas pistollas, na coronha das quaes estava gravado o nome de Koscinsko, amigo de sua familia, e que d’ellas fizera presente a seu avô.

Fiz todas as diligencias possiveis para encontrar essas pistollas e a espada, mas inutilmente. Parece que o velho