VII
Entro ao serviço da republica do Rio Grande
Cheguei a Marselha sem incidente, vinte dias depois de ter deixado Genova.
Engano-me, um incidente, que li no Povo Soberano, me succedeu.
Estava condemnado á morte.
Era a primeira vez que tinha a honra de ver o meu nome impresso em um jornal.
Como desde então era perigoso continuar a usar d’elle, comecei a chamar-me Pane.
Fiquei alguns mezes occioso em Marselha, aproveitando-me da hospitalidade do meu amigo José Paris.
Passado algum tempo consegui ser admittido como segundo commandante no navio Union, capitão Gozan.
No domingo seguinte achando-me pelas cinco horas da tarde á janella com o capitão, seguia com a vista um collegial em ferias que se divertia no caes de Santo André a saltar de uma barca para outra, até que faltando-lhe um pé caíu ao mar.
Estava vestido á domingueira, mas apesar d’isso, ouvindo os gritos dados pela desgraçada creança arrojei-me á agua completamente vestido. Duas vezes mergulhei inutilmente, mas á terceira fui mais feliz porque o agarrei por debaixo dos braços, conseguindo trazel-o sem difficuldade até á praia. Uma grande quantidade de povo ahi estava reunida, sendo eu recebido no meio dos seus applausos e bravos.
Era um rapaz de quatorze annos que se chamava José Bambau. As lagrimas de alegria e as bençãos de sua mãe pagaram-me largamente do banho que tinha tomado.