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y em casa de D. Jacintho Andreas, que teve, bem como a sua familia, por mim os maiores cuidados.

Infelizmente estava quasi prisioneiro. Não obstante a boa vontade do governador Echague, e o interesse que por mim tinha a população de Gualeguay, era obrigado a esperar a resolução do dictador de Buenos-Ayres que não decidia cousa alguma.

O dictador de Buenos-Ayres era n’esta occasião Rosas, de quem tratando de Montevideo, terei occasião de fallar mais de vagar.

Curado da minha ferida, comecei a dar alguns passeios, que por ordem da authoridade eram mui limitados. Em troca do meu navio confiscado davam-me um escudo por dia, o que na realidade era muito para um paiz em que sendo tudo mui barato quasi se não gasta dinheiro: mas tudo isto não valia a minha liberdade.

Provavelmente esta despeza d’um escudo por dia parecia muito elevada ao governador, porque em differentes occasiões me foram feitas offertas de se me favorecer a fuga, mas as pessoas que me faziam essas offertas, eram, sem o saberem, agentes provocadores! Diziam-me que o governo veria a minha fuga sem grande pesar. Não era pois necessario fazer grande violencia para que eu adoptasse uma resolução de que ja havia formado o projecto. O governador depois da partida de D. Paschoal, era um certo Leonardo Millan, que não me havia até áquella épocha mostrado nem interesse, nem odio, não tendo pois o mais pequeno motivo para me queixar d’elle.

Resolvi então fugir, começando logo os meus preparativos, afim de estar prompto na primeira occasião que se me apresentasse. Uma noute de tempestade dirigi-me para casa d’um excellente homem que costumava de quando em quando ir visitar, e que habitava a tres milhas de Gualeguay.

Dei-lhe parte da minha resolução, pedindo-lhe que me procurasse um guia e cavallos, esperando