os, estremeço quando penso n’esta circumstancia da minha vida.
Conduzido á presença de Leonardo Millan fui intimado por elle para denunciar quem me havia fornecido os meios de effectuar a minha fuga. É escusado dizer que não fiz tal confissão, pois declarei que só eu a tinha arranjado e executado. Então como me achava ligado e Leonardo não tinha cousa alguma a temer, aproximou-se de mim e começou a bater-me nas faces com o chicote. Depois renovou as suas perguntas, não sendo mais feliz que da primeira vez.
Mandou-me conduzir á prisão, e disse em voz baixa algumas palavras ao ouvido d’um dos guardas.
Estas palavras eram a ordem de me applicar a tortura.
Chegando á camara que me estava destinada, os guardas deixaram-me as mãos ligadas atraz das costas, collocaram-me nos pulsos uma nova corda, e passaram a outra extremidade a uma trave, suspendendo-me a quatro ou cinco pés do chão.
Então Leonardo entrou na prisão e perguntou-me de novo se estava resolvido a dizer a verdade.
A unica vingança que podia tomar era cuspir-lhe no rosto, e assim o fiz.
— Quando o prisioneiro, disse elle retirando-se, quizer declarar quem foram os seus cumplices, mandem-me chamar, e depois de fazer a confissão podem pol-o no chão.
Depois sahiu.
Fiquei duas horas n’esta horrivel posição. O peso do meu corpo sobrecarregava nos meus punhos ensanguentados e nos meus hombros deslocados.
Parecia-me estar sobre brasas.
A todos os momentos pedia agua, e os meus guardas mais humanos que o meu carrasco davam-me, mas ella não me matava a sede devoradora que soffria. Pode-se fazer uma idéa dos meus padecimentos,