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MEMORIAS DE UM NEGRO
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Exgottadas as fontes em Tuskegee, miss Davidson resolveu partir para o Norte. Fez visitas, falou nas igrejas, nas escolas dominicaes e em outras instituições, empresa difficil, cheia de toda a especie de obstaculos. A nossa escola era desconhecida, mas miss Davidson soube em pouco tempo ganhar a confiança da gente do Norte. O primeiro dinheiro que d´ahi nos veio foi dado por uma senhora de Nova York, em viagem. Conversaram no trem, a nortista ficou satisfeita com a narração da moça e entregou-lhe, na separação, um cheque de cincoenta dollars. Antes e depois do nosso casamento, Olivia Davidson nunca deixou de, em conversas e em cartas, pedir o que necessitavamos. Alem disso desempenhava as funcções de professora e directora em Tuskegee, occupava-se com uma associação protectora de velhos e com os meninos da escola dominical. Sem ser robusta, sacrificava todas as suas forças á causa a que se devotava. Acontecia-lhe ás vezes achar-se á noite cançada a ponto de não poder despir-se. Contou-me uma senhora de Boston que, recebendo um dia a visita della, fôra encontral-a adormecida no salão.

Antes de concluido o nosso primeiro edificio, Porter Hall, assim chamado em honra do sr. A. H. Porter, o nosso maior contribuinte, a pobreza nos apertou horrivelmente. Era-me necessario pagar a um credor exigente quatrocentos dollars, e no dia