Página:Memórias de um Negro (1940).pdf/149

Wikisource, a biblioteca livre
MEMORIAS DE UM NEGRO
141

Sempre achei mais util fazer algumas coisas que falar sobre a necessidade de fazel-as. Parece que na minha tournée de conferencias pelo Norte, em companhia do general Armstrong, o sr. Thomas W. Bicknell, presidente da Associação da Instrucção Publica, me ouviu falar. Poucos dias depois da viagem esse cavalheiro me convidou para fazer um discurso na proxima assembléa da associação, que se devia reunir em Madison, no Wisconsin. Acceitei o convite. Para bem dizer, foi ahi que iniciei a minha carreira de orador. Havia umas quatro mil pessoas na sala, entre ellas muitas do Alabama e algumas de Tuskegee. Varios conhecidos meus me disseram com franqueza depois que tinham ido á reunião esperando ouvir-me atacar violentamente o Sul. Ficaram surprehendidos: não fui aggressivo e fiz justiça aos sulistas referindo-me ás coisas louvaveis realizadas por elles. Uma senhora, branca, professora num collegio de Tuskegee, escreveu ao jornal da terra declarando-se espantada e contente por notar que eu agradecia aos brancos o auxilio que elles me haviam prestado na fundação da escola. Esse discurso de Madison foi o primeiro que fiz relativamente ao problema das raças. O auditorio concordou commigo, supponho.

Ao chegar a Tuskegee, eu havia decidido estabelecer-me ahi, acceitar a minha parte de humi-