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BOOKER T. WASHINGTON

lhação ou de orgulho pelo mal ou pelo bem que no lugar houvesse, tornar-me emfim um cidadão do Alabama. Resolvi não dizer publicamente aos nortistas o que não estivesse disposto a dizer aos sulistas.

Cedo me capacitei de que é bem difficil converter um individuo injuriando-o: em vez de martelar unicamente nos seus defeitos, devemos louvar-lhe as boas acções.

Assim procedendo, nunca deixei de, sendo necessario, chamar a attenção do publico, em termos inequivocos, para as faltas que aqui se commettem. Percebi que muitos cidadãos acceitam de boa vontade as criticas honestas. Se é preciso atacar o Sul, não devemos ir a Boston para isto: é no Sul que devemos falar. Um sujeito de Boston que viesse censurar esta cidade no Alabama teria exito menor que se se dirigisse aos habitantes de Boston.

No discurso de Madison affirmei que, em vez de atiçar discordias entre as duas raças, deviamos tentar approximal-as. Sustentei que, ao votar, o negro acabaria levando em consideração o lugar onde vive e produz, não o interesse de politicos distantes que ignoram a existencia do eleitor e as suas necessidades. O futuro do negro dependia, affirmei, de elle se tornar, pela habilidade ou pela intelligencia, tão util que a sociedade não o pudesse dis-