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MEMORIAS DE UM NEGRO
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lutamente semelhantes, e o meu desejo é impressionar todos os ouvintes. Pouco importa o effeito que o discurso vai produzir no jornal ou num meio differente do que me escuta. Neste concentro o pensamento e a energia.

No dia 18 pela manhã vieram buscar-me, levar-me ao cortejo que ia dirigir-se ao recinto da Exposição. Havia negros importantes em carruagens e diversas commissões militares de côr. Notei que se esforçavam para que os negros fossem bem tratados. Gastámos tres horas, sob um sol ardente, para alcançar o terreno da Exposição. O calor infernal augmentava-me a excitação nervosa, acovardava-me. Julguei um instante que ia desfallecer, succumbir, arrasar-me. Ao chegarmos ao local da festa, percebi num golpe de vista a sala immensa completamente cheia. E no exterior apinhavam-se milhares de pessoas que não tinham conseguido entrada.

Ao apparecer fui recebido com applausos vigorosos dos negros e um fraco sussurro dos brancos. Destes, segundo me haviam communicado, alguns sympathizavam commigo, outros estavam ali por curiosidade e muitos, o maior numero, desejavam assistir ao meu embaraço, ter o direito de amofinar a commissão directora: “Eu não dizia?”

Um dos membros do conselho administrativo do instituto de Tuskegee, meu amigo pessoal, o sr