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MEMORIAS DE UM NEGRO
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as minhas observações pessoaes, e o quadro que d’ahi resultou foi negro. Como sou negro, talvez andasse melhor dizendo que elle foi branco. Natural: uma gente que sahia da escravidão não podia ter pastores competentes.

Pois os ministros de côr indignaram-se e cartas de reprovação choveram em cima de mim. Associações religiosas pertencentes á minha raça votaram resoluções condemnando-me ou convidando-me a retractar-me. Muitas dessas organizações chegaram, nas ordens do dia, a recommendar aos pretos que não mandassem alumnos a Tuskegee. Despachou-se contra a escola um missionario que tinha a incumbencia de abrir os olhos aos paes de familia. Esse homem deu muitos conselhos aos outros, mas tinha um filho comnosco e teve o cuidado de não retiral-o. Diversos jornaes negros, especialmente os orgams de sociedades religiosas, atacaram-me rijamente.

Deixei que falassem, gritassem, e não me desdisse nem me expliquei: estava certo de que, refleetindo, os meus aggressores concordariam commigo. Ora, passado algum tempo, as auctoridades ecclesiasticas determinaram um inquerito rigoroso sobre a condição do ministerio e acabaram dando-me razão. O bispo mais antigo e mais influente dum dos ramos da Igreja methodista affirmou que