ça em si mesmo, o que não se dá com o branco, habituado a percorrer caminhos agradaveis. De qualquer modo acho bom ser o que sou, um negro. Sempre me desgostou ouvir pessoas que, sem allegar meritos proprios, utilizam direitos, privilegios, distincções, provenientes da côr da pelle. Esses individuos me entristecem, pois estou convencido de que não é o facto de pertencer a uma raça julgada superior que eleva o homem, se elle não tem merecimento, nem o de provir duma raça considerada inferior que prejudicará o que tem valor intrinseco. Todos os seres perseguidos acharão consolações infinitas na grande lei humana, universal e eterna, que faz que o merito, escondido sob qualquer pelle, seja emfim reconhecido e recompensado. Não falo assim com a idéa de merecer a attenção dos outros, mas desejo pôr em evidencia a minha raça, raça de que me orgulho.
Página:Memórias de um Negro (1940).pdf/38
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