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BOOKER T. WASHINGTON

— Que felicidade! Emfim pude fazer alguma coisa pelo general.

Emquanto vivi em Hampton, os dormitorios se encheram a ponto de se tornar difficil conseguir lugar para os que desejavam ser admittidos. O general teve então a idéa de construir tendas que deviam servir de quartos de dormir e deu a entender que ficaria satisfeito se alguns dos antigos fossem passar nellas os mezes de inverno. Quasi todos se offereceram. Fui com elles. O inverno que aguentámos nas tendas, terrivelmente frio, nos incommodou em excesso, mas o general nada percebeu, porque ninguem se queixou. Ficavamos contentes sabendo que aquillo era do seu agrado e que facilitavamos a educação dum grande numero de pessoas. As vezes, alta noite, uma rajada soprava forte, a tenda ia pelos ares e ficavamos ao relento. O general tinha o costume de visitar-nos pela manhã — e a sua voz grave e alegre nos dava coragem, fazia tudo esquecermos.

Falei até agora do general Armstrong. Entretanto elle não era unico: pertencia a um exercito de christãos, homens e mulheres que, no fim da guerra, se tinham devotado ao melhoramento dos pretos. Seria difficil achar na historia do mundo pessoas de coração mais elevado e generoso que as que trabalhavam nas escolas negras.