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MEMORIAS DE UM NEGRO
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ratorios iguala a que nos proporciona o contacto dos grandes homens e das grandes mulheres. Em vez de estudarmos constantemente em livros, acho que seria melhor estudarmos os homens e as coisas.

No fim da vida, o general Armstrong passou dois mezes na minha casa de Tuskegee. Estava paralytico: mal podia mexer-se e tinha perdido a fala quasi completamente. Enfermo assim, trabalhava sem descanço, noite e dia, pela causa a que se havia dedicado. Negligenciava os seus interesses, creio que nunca teve um pensamento egoista. Com o mesmo enthusiasmo, trabalhava em Hampton e auxiliava estabelecimentos do Sul. Tinha-se batido contra os sulistas na guerra civil, e entretanto nunca o ouvi dizer sobre elles uma palavra amarga; longe disto: esforçava-se por achar meio de servil-os.

Ninguem imagina cá fóra a auctoridade que o general exercia sobre os estudantes, a confiança que inspirava. Adoravam-no. Difficilmente poderiamos suppor que elle se mettesse numa empresa e falhasse, que pedisse qualquer coisa e os outros não corressem para attendel-o. Quando estava em minha casa, no Alabama, doente que mal se afastava da cadeira de rodas, um dos seus antigos alumnos julgou-se feliz conduzindo-o, com enorme esforço, até o cume duma collina ingreme. Chegando lá em cima, esse homem exclamou, cheio de alegria: