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MEMORIAS DE UM NEGRO
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ctor do ensino profissional no collegio de Tuskegee. Quando elle voltou da escola, reunimos os nossos esforços e as nossas economias para enviar a Hampton nosso irmão adoptivo Jayme. Tivemos bom resultado: Jayme é director duma secção em Tuskegee.

O meu segundo anno de professor em Malden, 1877, não differiu sensivelmente do primeiro. Nesse tempo funccionava com intensidade o Ku Klus Klan, terrivel associação que tinha por objectivo fiscalizar a attitude dos negros, especialmente em materia politica. Assemelhava-se um pouco ás patrulhas, de que ouvi contar historias na senzala. As patrulhas compunham-se de rapazes brancos que observavam todos os actos dos escravos, prohibiam que elles fizessem meetings, não estando presente pelo menos um branco, e que á noite fossem duma fazenda a outra sem passaporte. O Ku Klux Klan, como as patrulhas, operava ás escuras, mas era mais cruel que ellas. Queria destruir qualquer ambição politica no preto, e não se limitava a isto: incendiava escolas e igrejas, martyrizava grande numero de innocentes. Os actos desses bandos de vagabundos produziram no meu espirito de rapaz uma forte impressão. Fui, em Malden, testemunha duma rixa entre brancos e negros. Em cada lado havia bem um cento de homens. Muitos ficaram gravemente feridos, entre