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MEMORIAS DE UM NEGRO
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nham ninguem se importava com hygiene. E as casas que agora occupavam em Tuskegee em geral não eram melhores que as que haviam deixado no campo. Desejavamos incutir-lhes a necessidade de tomar banho, escovar os dentes, cuidar da roupa, alimentar-se direito e dormir em quartos limpos. Queriamos tambem que aprendessem officios, adquirissem a habilidade necessaria para desembaraçar-se lá fóra. Pretendiamos leval-os a pensar na vida pratica.

A maior parte delles vinha dos districtos agricolas. Nos Estados do golfo do Mexico oitenta e cinco por cento dos negros viviam da cultura da terra. Indispensavel que os nossos estudantes não se esquecessem dos trabalhos ruraes, não fossem augmentar inutilmente a população das cidades. Sem duvida era conveniente preparar muitos delles para o ensino, mas tencionavamos envial-os ao campo afim de inculcar aos negros nova energia e novas idéas, principios moraes, religiosos e intellectuaes.

Tudo isso nos preoccupava, quasi nos acabrunhava. Que fazer? Dispunhamos da cabana em ruina e da igreja abandonada que os pretos nos haviam amavelmente offerecido. O numero dos alumnos augmentava dia a dia, e isto nos desanimava. Certamente os nossos esforços seriam vãos. Toda

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