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Página:Memorias de um sargento de milicias.djvu/284

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Ora veja o que me sucede por ter feito uma boa ação!... E eu que sofro e que sinto como se fosse meu filho... E os soluços a sufocaram.

— Fale, senhora, replicou D. Maria; fale, que me põe numa aflição...

— Vai apanhar, D. Maria... vai apanhar de chibata... ele... o Leonardo...

— Meu Deus, pobre rapaz: ora vejam tudo em que deu; é sina, coitado! aquele rapaz não nasceu em bom dia; não, comadre; isso sou eu capaz de jurar pela salvação da minha alma... Mas não falou com o major? Que lhe disse ele?

— Duro como uma pedra, senhora; a nada se moveu: pedi-lhe pelas Cinco Chagas, pela Senhora Santíssima... tudo embalde, tudo em vão.

— Está bom, não se aflija, comadre; ainda há um meio que eu penso que não há de falhar: vamos à casa dela, que por lá é caminho certo; ela dá-se muito comigo, há de pedir pelo moço.

— Já me tinha lembrado disso; mas na tribulação em que vinha tornou-me a esquecer; se com ela não se arranjar alguma coisa... está tudo perdido.

Os leitores estão já curiosos por saber quem é ela, e têm razão; vamos já satisfazê-los. O major era pecador antigo, e no seu tempo fora daqueles de quem se diz que não deram o seu quinhão ao vigário: restava-lhe ainda hoje alguma coisa que às vezes lhe recordava o passado: essa alguma coisa era a Maria-Regalada que morava na Prainha. Maria-Regalada fora no seu tempo uma mocetona de truz, como vulgarmente se diz: era de um gênio sobremaneira folgazão, vivia em contínua