E assim levaram por algum tempo os dois, acompanhados por um coro de risadas e confusão, até que o capuchinho se resolveu a abandonar o posto, murmurando despeitado:
— Che bestia, per Dio!
Acabado o sermão, desceu do púlpito o mestre-de-cerimônias já um pouco aplacado por ter conseguido fazer-se ouvir, porém ainda bastante furioso para vir protestando arrancar uma por uma as quatro orelhas dos dois pequenos, de quem desconfiava que partira o que acabava de sofrer. Chegou à sacristia, que estava cheia de gente; vendo os dois meninos investiu para eles, e prendendo a cada um com uma das mãos pela gola da sobrepeliz...
— Então... então... dizia com os dentes cerrados... a que horas é o sermão?
— Eu disse às nove, sim, senhor; pode perguntar à moça, que ela bem ouviu...
— Que moça, menino, que moça? disse o padre exasperado por estar tanta gente e ouvir aquilo.
— Aquela moça cigana, lá onde V. Rev. ma estava; ela ouviu, eu disse às nove.
— Oh! disseram os circunstantes.
— É falso, respondeu com força o mestre-de-cerimônias largando os meninos para evitar novas explicações, e dando satisfação aos circunstantes com protestos de ser falso o que os meninos acabavam de dizer.
Entretanto serenou o alvoroço, acabou-se a festa, o povo retirou-se. O mestre-de-cerimônias sentado a um canto pensava consigo:
— E que tal? não ia perdendo o meu sermão deste ano por causa daquele endiabrado?! Depois que o maldito menino entrou para esta igreja anda