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os selvagens do Brasil
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CAPITULO XXXIX
De como um outro prisioneiro sempre
me calumniava e do que lhe succedeu

Havia na taba um outro prisioneiro de raça carijó, que fôra escravisado pelos portuguezes e conseguira fugir. Aos que os tupinambás assim tomavam não matavam, a não ser em virtude de algum crime especial; mas os conservavam como escravos de trabalho.

Este carijó contou que estivera tres annos com os portuguezes e lá me conhecera atirando contra os tupinanmbás por occasião das guerras. E como annos antes os portuguezes haviam morto a um morubichaba com um tiro, dizia o carijó que o tiro fôra meu, e, pois deviam matar-me.

Esse escravo mentia em tudo, porque estava entre os tupinambás havia tres annos e eu só tinha um anno de Brasil.

Succedeu, porém, que no sexto mez do meu captiveiro o carijó enfermou; meu dono, Ipirúguaçú,