Aquelle assumpto me era doloroso e mudei de rumo.
— Basta, Mr. Slang. Quero agora que me diga porque razão incluiu hontem o livro entre as frutas e as joias.
— Não fui eu quem fez essa inclusão, respondeu Mr. Slang, foi o seu governo.
— Como?
— Não acompanhou o debate do caso pelos jornaes? Pois o governo mantem o papel para livros taxado com imposto equivalente a 170 % sobre o custo.
— Que horror, meu Deus!
— Mais que a seda. A seda paga de 80 a 100 %.
— E' impossivel! exclamei attonito. E' um crime, isso!
— E fez mais, meu caro. Deu entrada franca de direitos aos livros impressos em Portugal. Quer dizer: creou um proteccionismo ás avessas — favores á industria de lá contra a similar de cá.
— Impossivel!...
— Essa taxa tornou o livro tão caro como a fruta, e hoje só os ricos podem ler.
— Mas como explica o facto, Mr Slang? Quem teria interesse nessa perseguição ao livro?