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Mr. Slang sorriu com maliciosa displicencia.

— Que ingenuo é você, meu amigo! Todo o mundo sabe a historia da taxa sobre o papel, que surgiu em 1918. Um passe do congresso. Dizem que houve um honrado senador que não resistiu á injuncção de duas centenas de contos... e fez elevar a taxa do papel, bruscamente, de 10 a 300 réis.

— Que miseria, meu Deus! Esse homem merecia ser inimigo do dr. Bernardes e passar uns annos de villegiatura na Clevelandia. Esfaquear a cultura da sua patria pelas costas, por trinta dinheiros...

— Duzentos, aliás... E a coisa vae ficando. A cultura não consegue derrubar essa taxa. Editores ingenuos dirigem-se ao Congresso com lamurias. O meio positivamente não é esse...

— Puz a mão na boca de Mr. Slang. Meu pudor de brasileiro não podia admittir que saisse dos seus labios a solução certa. Infelizmente a solução que elle ia apontar era a unica certa...

— Mudemos de assumpto, Mr. Slang. Esse caso é tão triste que me dá vontade de chorar. Vamos ao nosso xadrez.

Mr. Slang concordou e passamo-nos para a varanda.