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o procura. Os ricos se arrumarão. Pagarão a taxa e terão a boa assistencia. Os pobres, e elles constituem os 99% da cidade, não podendo pagar a taxa, recorrem ao máo medico. Este prospera, está claro, enriquece; mas lucrou com isso a communidade? Cresceu o indice da saude geral?

— De facto, uma cidade assim pereceria. Mas que ha de fazer o máo medico? Morrer de fome?

— Está claro. Só tem direito de fazer uma coisa quem a faz melhor que os outros. E' a lei do progresso.

— De modo que para Mr. Slang as nossas industrias protegidas constituem um mal... Mas não negará que muito nos serviram durante a conflagração européa.

— Ponto a discutir. Mas dou de barato que assim tenha sido e pergunto si é argumento sério. Conservar no organismo uma ordem de coisas viciosa, que o debilita. que o mata, só porque num eventual caso de guerra possa tornar-se um momentaneo bem, será formula defensavel? Faz-me lembrar um homem que andasse leguas e leguas descalço, a ferir as solas nas pedras do caminho, só para beneficiar-se com a frescura da agua de um riacho eventual que tenha de passar a váo. A Argentina, que não tem industrias falsas, não se arrumou perfeita-

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