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mente durante a conflagração? Não sahiu ganhando, não está mais prospera do que nunca, emquanto que o Brasil geme no atoleiro, enterrado até ao nariz?

Mr. Slang tinha razão e eu não quiz insistir em minhas tolas objecções. Mudei de assumpto e interpellei-o:

— Voltando atrás, que acha, Mr. Slang, de "Terra Deshumana"?

Mr. Slang não respondeu de prompto. Ficou como quem procura uma formula synthetica para definir um caso difficil. Depois disse:

— Um retrato de corpo inteiro, feito por um mestre retratista.

— Parecido?

Mr. Slang vacillou.

— Um tanto enfeitado, respondeu por fim. O pintor deu ao original um vulto que me parece fóra da realidade. Desenvolveu a Carlyle o que apenas fazia jús a estylo de relatorio clinico. Houve erro de amplitude, evidentemente.

Preparei-me para ouvir uma alta revelação. Mr. Slang, entretanto, calou-se e, ao voltar-se para metter na gaveta a "Terra Deshumana", deu com o braço numa estatueta que havia sobre sua secretaria. O bronze veio ao chão e fez em cacos. Não era bronze, era barro bronzeado, apenas.