Página:Mulheres e creanças.djvu/108

Wikisource, a biblioteca livre
102
MULHERES E CREANÇAS

que a vida se não conserve aos seus olhos inanimada e esteril.

Em vez de lhe ensinar a doutrina morta que vem nos livros, leve-a brandamente por um declive suave a comprehender o espirito d’essa lei, que é feita de tanto amor!

Conte-lhe as miserias occultas que ha n’este mundo, ensine-a, ou antes, deixe que ella adivinhe como essas miserias se consolam pela esmola do pão e pela esmola do carinho, e, quando ella voltar do albergue da desgraça, ao seu lado, calada, pensativa, com os olhos cravados nas nuvens alaranjadas do poente, pergunte-lhe então baixinho, com a sua voz de mãe, a unica que nunca perturba nem afugenta os sonhos de uma virgem: — Comprehendes agora as palavras do Christo: Ama a Deus sobre todas as cousas e ao proximo como a ti mesmo?

Só este commentario das lições do Justo póde fazer com que ellas dêem abençoados fructos!

Em vez de lhe occultar os mil subterfugios com que a maldade humana tenta avassallar e corromper a innocencia, innocule-lhe lentamente com a sua palavra serena e firme a força necessaria para vencer e dominar as astucias criminosas e traiçoeiras.

Faça-lhe sentir com a lição e com o exemplo que a mulher tem quasi sempre em si o seu peior inimigo,