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MULHERES E CREANÇAS
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que elle aprecia, tem prodigios de invenção espontanea para o envolver no bem estar tão necessario aos que se consomem n’uma actividade sem treguas.

De que ha de elle queixar-se? De nada.

É amado, é estremecido, obedecem-lhe cegamente, tem a certeza de encontrar ao seu lado sempre que o precise um sincero e leal affecto.

Mas quando um sentimento superior o transporta, quando uma grande idéa o levanta e ennobrece, quando um nobre desejo do bello e do bom lhe faz palpitar de enthusiasmo o coração, é debalde que elle busca junto de si o espirito que comprehenda o seu espirito, que partilhe as suas impressões, que lhe revele emfim intima, absoluta, indestructivel, essa união ideal sem a qual o casamento é espiritualmente infecundo e incompleto.

Isto tem de esmorecer fatalmente o impulso que levava esse trabalhador, esse homem de pensamento ou de sciencia á conquista e á posse da sua felicidade.

Sem que elle talvez mesmo dê por isso, uma tristeza indefinivel, vaga, sem traducção, lança como que um sopro esterilisador sobre as suas mais queridas concepções. Falta-lhe alguma cousa que elle precisava e que no entretanto não conhece nem sabe definir.

Falta-lhe o complemento do seu sêr!