a vida era um periodo curto de passagem e penitencia; a creança nascida já vinha contaminada do peccado original; a alma, só a alma precisava dos nossos cuidados, das nossas meditações, do nosso mais especial e esmerado cultivo!
Quantos erros de educação, de moralidade e de hygiene!
Quantas revoltas medonhas este despotismo espiritual não excitava!
Mas foi por acaso esse tempo de pura espiritualidade?
Pelo contrario!
Nunca os instinctos maus do homem imperaram com mais violencia! Nunca se materialisaram mais todos os cultos e todas as idéas!
O Deus que todos adoravam em extasis apaixonados, era o Christo dolorido, cadaverico, crivado de pregos, escorrendo sangue de cada uma das suas chagas abertas.
A dôr maternal era symbolisada por sete espadas atravessando um coração dilacerado.
Os fanaticos mostravam á admiração das turbas os estygmas sangrentos das suas carnes palpitantes.
Os ascetas tinham visões nas quaes o Padre Eterno, o Christo, a Virgem, os Santos, lhes appareciam sob a fórma humana, com feições diversas e caracteristicamente