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Página:Mulheres e creanças.djvu/304

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MULHERES E CREANÇAS

Gosta dos sons, dos risos, das caricias, é uma alma que vive em pleno azul.

Nenhuma sombra n’aquella tela transparente onde a mão de sua mãe vae escrever as primeiras palavras.

Muita gente imagina que ser mãe custa apenas as dôres dilacerantes de algumas horas, os incommodos mais ou menos crueis d’um certo periodo, e depois os cuidados de doze ou treze mezes.

Quem pensa assim não sabe o que é ser mãe!

Pois tu não ouviste que elle espera, e que a primeira palavra definida e clara que ha de vibrar na sua alma, sou eu que hei de dizel-a, é a minha mão tremula, fraca e inexperiente que ha de tornar-se firme para a gravar indelevelmente?

E se a voz esmorecer? E se a mão vacillar?

Quem me disse a mim que acertarei? quem me deu forças para encaminhar um sêr que só de mim ha de receber na terra o santo e a senha?

E depois quando o vejo tão lindo, querendo já esboçar o primeiro capricho, querendo experimentar a primeira vontade, querendo vencer o primeiro obstaculo, pergunto a mim mesma se terei valor sufficiente para lhe fazer perceber que a vida é uma lucta, para se tanto fôr preciso, ser eu propria que lucte com elle, e que o ensine a ser vencido!