Página:Negrinha- Contos (1920).pdf/88

Wikisource, a biblioteca livre

86 NEGRINHA


Ella, fingidamente, extasiava-se ante a flôr e punha-a no corpete:

— Que belleza !


Certa vez falou-se em reforma do jardim.

— Precisamos mudar isto—lembrou o moço, de volta d'um passeio a São Paulo. Ha tanta flôr moderna, linda, enorme, e nós toda a vida com estas cinerarias, estas esporinhas, estas flôres caipiras... Vi lá crysandhalias magnificas, crysanthemos deste tamanho e uma rosa nova, branca, enorme, que té parece flôr artificial !...

Timotheo, quando soube da conversa, sentiu gelo no coração. E foi agarrar-se á moça. Elle tambem conhecia essas flôres de fóra, vira crysanthemos em casa do coronel Barroso e vira as taes dhalias mestiças no peito d'uma faceira, no leilão do Espirito Santo.

— Mas aquillo nem é flôr, Sinhá ! Coisas da estranja que o Canhoto inventa para perder as creaturas de Deus. Elles lá que as plantem. Nós aqui devemos zelas das plantas de familia.