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ERA GALLO-ROMANA

A maior parte destas villæ teria sido construida nos tres primeiros seculos da era christã, julgando-se assim pelas medalhas encontradas nas suas ruinas, e que algumas datam do seculo IV.

Monumentos funereos

Depois de descrevermos os edificios, onde os antigos passavam a vida de confortos da civilisação romana, a ordem natural nos conduz aos monumentos que encerravam os despojos mortaes.

Ainda que algumas familias mandassem enterrar os corpos, todavia o uso de queimal-os foi quasi geral em Roma antes da conquista da Gallia, e n’este ultimo paiz, nos dois primeiros seculos da era christã.[1]

A fogueira funebre (rogus ou pyra) era formada de lenha de facil combustão e faziam-n’a mais ou menos alta conforme a cathegoria das pessoas finadas. O corpo era posto sobre uma especie de leito de ferro ou maca, e os parentes do defuncto, depois de lhe terem dirigido o ultimo adeus, voltavam o rosto e acendiam a fogueira com uma acha.

Quando a fogueira estava extincta, lançavam vinho nas cinzas do defuncto, e então estas eram cuidadosamente encerradas em uma urna que mettiam em seguida na terra com certo numero de vasos de differentes formas e tamanhos, que se collocavam em roda, os quaes estavam cheios de liquidos ou algum manjar offerecido aos deuses manes.

As urnas de barro descobertas em grande numero de cemiterios são em geral do feitio simples, e muitas apresentam côr cinzenta; comtudo, notam-se por suas formas perfeitas e graciosas. As mais ornadas tem filetes, entre os quaes se traçaram riscos parallelos. Algumas tem estrias ao alto, ou-

  1. O uso de se queimarem os corpos procedia de um mytho religioso que se conservou na Grecia e na Italia até o estabelecimento do christianismo.