II
Quando entrou em casa, na salêta habitual dos serões, o barão proferiu, no tom frio e breve de quem se desobriga d’um dever banal: — Bôa noite, vivi; — enquanto deixava caír machinalmente um beijo nos crespos riçados sobre a testa pequenina da baroneza, que lia com interesse Madame Bovary. Depois, logo a seguir, afundou-se pesadamente na maciêsa d’um fauteuil.
— Bôa noite... Então que tal? — retorquiu a baroneza, erguendo indolente os olhos do livro e sorrindo para o marido com uma indifferença amavel.
— Uma semsaboria... Tão cedo não volto lá. Bem fizéste tu em preferir áquella palhaçada tão vista o conchego da tua casinha e a companhia leal dos teus livros.
— Ah! e então que livro, este!.... — exclamou a baroneza n’um profundo accento admirativo, retomando com delicia a leitura interrompida.
— Gostas?