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Página:O Barao de Lavos (1908).djvu/29

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niz da mesinha axaroada, e a viva mancha adoravel da cabecita pequena e redonda da baroneza.

Era um d’estes typos de mulher delicados, miuditos, frageis, picantes á força de subtilisação e de nervos, que appetece á gente ao mesmo tempo contrariar e amar servilmente, acariciar e destruir. Uma figurinha de Saxe, luminosa e frivola. Os olhos, grandes, entre o cinzento e o verde, um tudo-nada metallicos, tinham uma translucidez enxuta e saudavel, que raro, n’um tremulo conchegar das palpebras, humedecia um spasmo breve de volupia; o nariz, imperceptivel, fino, erguia-se na base em arrebite, n’um leve geito provocante, entre malicioso e altivo; na testa, desanuviada, lisa, pequenina, não havia noticia da passagem d’um pensamento grave, d’um minuto reflexivo, d’uma justa noção do Dever; e pela curva da face, d’uma alvura crassa de leite, subia de cada lado, do mento ás fontes, a sinuosidade azul d’uma veia tenuissima.

Um conjuncto fascinante de mocidade e graça, de petulancia e mimo.

O barão, fatigado, arreliado, quente, o coração palpitando forte, e o cerebro e as mãos a arder, saboreava um allivio e uma doçura immensa na tranquillidade muda do recinto. Mal apaziguado ainda das tumultuarias emoções da noite, o remanso dormente da sua casinha embalava-lhe a carne estimulada n’uma acalmação voluptuosa e emolliente de banho a 33 graus. Mas não era bastante; se os sentidos se lhe normalisavam, a alma continuava estrebuxando n’uma exaltação dolorida. Aquelle silencio exasperava-o. Queria um derivativo psy-