santo não era vergontea legitima: apurou-se isto da larga contenda batida por D. Alvaro Pires de Castro, senhor das Alcaçovas, contra seu tio, tambem D. Alvaro Pires de Castro, senhor de Arrayollos. Contestava aquelle a este o uso das armas direitas dos Castros, por ser uma degenerescencia bastarda no bracejamento fidalgo da familia. E o caso foi que, desde então, tanto os condes de Arrayollos, como os Castros de Fornellos e os de Melgaço, ambos seus descendentes, deixaram de usar o escudo primeiro da casa, — treze arruellas de azul em campo de oiro, — passando a ter por divisa apenas seis arruellas, e em campo de prata.
Escarolavam n’esse tempo do segredo tépido das alcôvas para a besbelhotice official dos symbolos brazonados as differenciações no estalão moral das grandes familias solarengas. Era o que podia haver de mais meticulosamente futil e de mais superfluamente ingenuo. Mas era claro, ao menos. Sabia a gente com quem tratava. Não se tinha inventado ainda a carta de conselho para galardoar alcoviteiros e nobilitar ladrões.
Em tempos de D. João III, ahi por 1541, preparava-se em Lisbôa, com destino á India, uma esquadrilha de cinco navios que devia comandar Martim Affonso de Sousa, o heroe de quem a tradição refere que recebêra de Gonçalo de Cordova a espada, de que nunca mais abriu mão. Fôra elle nomeiado successor de Estevão da Gama no governo dos nossos dominios asiaticos, e preparavase-lhe um luzidissimo cortejo de homens d’algo. Queria-se honrar dignamente o benemerito guerreiro, cujo nome já então doiravam sobejamente altos feitos