Página:O Barao de Lavos (1908).djvu/39

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qualquer ordem com a mulher, haviam de por força procurar illudir, em ascoentas aproximações d’uns com os outros, as inilludiveis exigencias dos seus instinctos. D’ahi a desvirtuação dos sexos; a obliteração das funcções genesicas; o amor saciado grotescamente, incompletamente; a luxuria olhada como um fim, como uma regalia sensorial da carne, em vêz de ser cultivada na compenetração do seu mistér sagrado, como um simples meio de perpetuar a especie.

Na ultima integração da sua physionomia social os conventos não foram mais do que isto, — uma criminosa burla ao dynamismo prolifico da natureza, uma cravagem de centeio mystica, um veto espiritual á maternidade. Eram casas toleradas de prostituição, defendidas pelo lemma hypocrita do voto. O mundo antigo era mais franco. Na Grecia os effeminados varriam galhardamente com as suas caudas de purpura as lageas das praças publicas, sôb a luz magnanima do sol; no mundo latino os tonsurados, do primeiro cardeal ao derradeiro famulo, erguiam furtivamente o burel ou a sêda na sombra cumplice dos claustros, e entregavam-se baixando os olhos contrictos ante as imagens do Deus vingador.

Com a diuturnidade da causa, o mal prosperou e enraizou-se, alargando sobre a geração de hoje um imperio feroz e dissolvente.




No barão de Lavos confluiam poderosamente as qualidades todas do pederasta. Quando tinha 10 annos, entrou para o collegio de Campolide. Seu pae, velho cortezão cheio de tédio e