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Página:O Barao de Lavos (1908).djvu/77

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— Bem, e a mamã? — respondeu a baronesita, chamando à expressão a mais branca e mimada alegria.
— Quis vir pela tua casa; mas tua irmã — não imaginas! —, hoje não acabava de se vestir!... Cada vez mais toleta... Tu em solteira não eras assim.
— Credo! Também a mamã agora deu em embirrar comigo! — acudiu, a fazer beicinho, a Julita, pequenina e redonda como Elvira, mas trigueira, inflamada, forte. E logo, ao ouvido da irmã: — E que o Frederico tinha-me ido falar hoje — sabes? —, e custava-me despedi-lo.

Estavam mais naquela sala fresca e simples — de papel dourado, alcatifa em cornucópias, mobília trivial de mogno, piano vertical, lustre de pingentes, damasco vermelho no sofá, nos fauteuils e nos reposteiros; a Sra. Reodades, viúva de um desembargador, biliosa e hidrópica, de bigode, uma grande verruga a um lado com um pincel de cabelo; uma filha desta grave matrona, que vinha a ser a jovem e escanifrada D. Aurélia, uma das meninas mais prendadas do sítio, pois bordava a froco, pintava pratos, cantava por casas particulares e versejava no Almanaque de Lembranças', um estudantinho da Politécnica, abrejeirado, caspento e verde, com olheiras; a Sra. D. Plácida do Rio, espadanando em sedas berrantes, viúva inconsolável de um banqueiro honrado; um soberbo e simpático homem, o Sr. Alípio Vieira, de ombros largos, moreno, insinuante, ser misterioso e açucarado, sem modo de vida certo, sem domicílio conhecido, abotoado sempre numa impecável correção de diplomata, e que as