cuja nudez sagrada tinha a vestila a castidade absoluta da inocência.
- — E quantas bonecas agora? — interrogou ele, chegando-se, com a vista hipnotizada sempre, contra sua vontade, sobre a carne froixa e nua da pequenita.
- — Dei-as todas à mamã, a guardar... Agora aprendo inglês — respondeu ela, outra vez séria, endireitando-se e compondo o vestido, instintivamente molestada pela insistência de olhos do barão.
Mas nisto veio o chá, e a aparição dos bolos desconcertou-a, acendendo as sôfregas exigências do seu paladar cortante de criança. Com os olhos húmidos e a face longa de guloseima, ela correu breve para a mãe, apontando determinados pratos dos tabuleiros: — O mamã, dê-me daqueles, sim?... — E D. Leonor, colhendo-lhe as mãos: — Espere, menina... Que modos são esses?!... Se começa a portar-se mal, vai-se deitar.
Xavier da Câmara antecipou-se a servir a baronesa. E como apanhasse ao lado dela uma cadeira devoluta, ensaiou reatar aquele diálogo quente, minutos antes interrompido. Porém a baronesa suplicou um: — Por amor de Deus! Tenha juízo! — tão profundamente sensato e tão comovidamente cauto que o célebre sportman levantou-se e rodou largo, diferindo para melhor oportunidade a prossecução do bloqueio.
Ao mesmo tempo, o dono da casa servia D. Plácida e dizia-lhe:
- — Quase estive hoje privado de passar mais esta bela noite na companhia de Vosselência e dos meus bons amigos.
- — Sim?... Então?...