Página:O Brasil Holandês sob o Conde João Maurício de Nassau, 1940.pdf/8

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da casa de Nassau. Atenas, Lacedemônia, Cartago, Roma, o Lácio, as Gálias e a Germânia constituem o assunto dos escritores gregos e romanos. Olinda, Pernambuco, Mauriciópole, Itamaracá, Paraíba, Loanda, S. Jorge da Mina, o Maranhão, nomes desconhecidos dos antigos, serão o nosso tema. Os beligerantes de então eram os assírios, os persas, os gregos, os macedônios, os italianos, os cartagineses, os gauleses, os queruscos. Os de agora são os tapuias, os mariquitos, os potigares, os caribas, os chilenos, os peruanos. No Brasil não se combate apenas entre gentes diversas, mas também entre dois continentes. Outrora o Reno, o Istro, o Ródano, o Indo, o Ganges foram testemunhas de grandes acontecimentos. Agora são os rios Maranhão, da Prata, de Janeiro, dos Afogados, de Pôrto Calvo, Capibaribe, Beberibe. Não conheceu Políbio mulatos, nem Lívio patagões, nem Tácito angolenses, nem Floro mamalucos, nem Suetônio ou Justino negros. Estes nomes, porém, aparecem na nossa história. Os soldados descritos por ésses historiadores iam para a guerra vestidos ou coiraçados; os guerreiros de que trato vão combater até mesmo nus. Aqueles causavam terror com os seus dardos, broquéis, sarissas, bipenes e carros falcatos; os meus são temíveis pelo arco e pela clava. Aqueles mostravam o seu esforço com os assédios e com as máquinas de ataque e de defesa; éstes, pelejando só com as mãos, carecem de