abertas o collo de chamalote branco a lhe ondear com reflexos de setim, com os lábios rozados entreabertos num sorrizo, mostrando como grãs de uma romã verde os dentes tão alvos, tão prateados que melhor os dissereis pérolas ?
E ante um desses olhares de humido fulgôr, de uma pupilla languida de effluvios de gôzo ante um desses volveres de enfeitiçado condão de uns olhos negros cheios de amor, promettendo amor, quem ha ahi que não sinta a alma no peito estremecida, anhellante, desmaiando de anceios, sequiosa de orvalhos de beijos, e a correr-lhe nas veias o sangue com ardor mais suave, os olhos emfraquecidos de uma nuvem de prazer, sem luz, sem côr, sem vida, embriagados de enleio, — e os lábios immoveis, entreabertos, sem hálito, — quem ha que não a sinta a sua alma exanime, esvaecida, quasi morta num suspiro, nessa morte, na expressão de Bocage — « de uns brandos olhos desmaiados, morte, morte de amor, melhor que a, vida » ?
E ha na terra sensação de bello mais forte, mais cheia de poesia que essa ?
Porém como os perfumes das flores são mais
bellos quando misturados no ramilhete que traz
no collo voluptuoso a donairosa donzella no baile,
como as cores são mais bellas quando bem combinadas no iris do céo, ou nesses matizes dos
crepúsculos de outomno e verão, e os sons são