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Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/103

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— Zangou-se? disse ela docemente, pondo-lhe de leve a mão no ombro. Agostinho ergueu os olhos, e vendo o bonito rosto trigueiro, todo risonho, — exclamou com veemência:

— Estou mesmo doido por si!

— Chut!... disse ela.

A mãe de Amélia, levantando o pano da barraca, saía, muito abafada, de lenço amarrado na cabeça.

— Mais fresquinha, hem? perguntou logo Agostinho, tirando o chapéu de palha.

— Estava por aqui?

— Vim dar uma vista de olhos. E agora toca ao almocinho, hem?

— Se é servido... disse a S. Joaneira.

Agostinho, muito galante, ofereceu o braço à mamã.

E desde então seguia sempre Amélia, de manhã no banho, de tarde à beira-mar; apanhava-lhe conchas; e tinha-lhe feito outros versos — o Sonho. Uma estrofe era violenta:

Senti-te contra o meu peito
Tremer, palpitar, ceder...

Ela murmurava-os com grande comoção, de noite, suspirando, abraçando o travesseiro.

Outubro findava, as férias tinham acabado. Uma noite o alegre rancho da Sra. D. Maria da Assunção e das amigas fora dar um passeio ao luar. À volta, porém, erguera-se vento, nuvens pesadas empastaram o céu, caíram gotas de água. Estavam então junto a um pequeno pinheiral, e